Disse o mestre poeta:
“Escuta o canto da vida. Busca a flor que
deve abrir-se durante o silêncio que segue à tormenta, não antes".
A vida é todo um canto que se eleva na
grandeza do silêncio para que tenha sentido e meta definida. A voz que na
solidão se levanta e se alimenta do amor tem, realmente, o que dizer ao mundo
para guiá-lo e consolá-lo.
Tem tudo a dizer a quem quiser ouvi-la.
A flor que, depois da tormenta se abre, é a
única que conhece a eternidade, como se dela nascessem, uma após outra, todas
as verdades. De repente, luz e flor são uma em plenitude, rompendo as pequenas
fronteiras que o homem comum não ousa transpor. E toda a realidade emerge do
fundo do lago onde a vida guarda sua origem.
Então, e só então, o canto se faz próprio e
se define.
Guarda-se o diálogo, a consulta, a busca,
as andanças, perguntas e embaraços. Guardam-se as palavras difíceis e os
períodos longos.
A verdade é reta e curta.
Quando nada mais resta a indagar, fica o
silêncio puro e inalterado, dono da solução de todos os mistérios. E, na
quietude aprende-se a importância do que é simples e permanente.
E então, o
jade aguarda teu chamado.
Adormecidas ficam as incertezas e dúvidas,
como se diante do silêncio nada restasse senão o esperado encontro.
- Pois quem somos nós então, para querermos
nos proteger nos caminhos da vida?
Basta apenas a sondagem das meditações para
que o silêncio nos entregue a conquista do mais íntimo, do mais presente. E
todas as mensagens cifradas perdem seu valor quando se faz a entrega para que o
dia seja apenas de revelação.
Por isso sente-se que, a cada hora, as
palavras vão ficando menores, superadas em seus conteúdos, em suas indicações.
Só o silêncio tem um canto novo e sempre
renovado como o de Tagore:
“No dia que se abriu a flor de Lótus, pobre de mim!
Vagava por aí o meu espírito e eu não o soube. Estava vazia a minha cesta e a
flor ficou abandonada. Apenas, de vez em quando, descia sobre mim uma tristeza
e eu despertava do meu sonho e sentia, no vento que vinha do sul, a sombra suave
de um perfume estranho...”
Nenhum comentário:
Postar um comentário