quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O Mestre


Quem será Este que apenas antevejo e já me transfigura? E amplia em mim doação e paz – como um aroma a indicar amanhecida flor?

Quem é Ele que ainda não o vi e já o pressinto como o mais caro, amorável e luminoso? Comandando o tempo e o espaço, Ele chega...

Quem é Este que ainda não toquei e já vibra em mim e se comunica e se transmite?

Quem é Este que o silêncio desvenda?

Quem se oculta atrás de tanta força e harmonia e sabe fazer-se pequeno em minhas palavras?

Quem se vai tornando dádiva nas minhas humílimas mãos que transbordam em oferenda?

Ah! O Teu nome que é flor e canto e vento leve e suave cor... Teu nome mutável, maleável que se instalou em mim como seiva e fruto!

Este nome repercute e vibra para encher minhas horas e meus dias e dizer-me tudo sobre Teus caminhos.

Ah! O Teu nome violento, sem fronteiras, campo de amor e de conquista. O Teu nome que só o silêncio conhece...

Esse nome indecifrável que me acorda e se funde no meu próprio nome para fazer-me viva. O Teu nome que me dissolve e recria.

Enquanto o ouço desdobram-me como flor à espera da revelação...

Já não sou a voz, a palavra, a ideia, o gesto, mas e tão só, o instrumento dócil da entrega.

Entretanto, assim sendo, cresço em harmonia e tudo em mim se alarga e se faz ilimitado.

Sou o rio por onde navega o Criador da fonte; por isso posso identificar-me à vida, à luz, ao amor.

Agora, já não canto meu canto, entoo o hino do que está em mim.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Eu a quero mais


A poesia vem dançando,
pés descalços, passos leves
e a guirlanda coroando-lhe os cabelos.
A poesia dança,
um ritual de fogo e luz.

Serenamente, percorre o teu caminho
e penetra o teu secreto mundo
acaricia o teu corpo
e mais eu a amo
porque ela beija teus lábios
que eu não toco
e se dissolve em teus olhos
que contemplam o abismo
do meu silêncio.

E eu a quero mais
enquanto te envolve e te afaga
porque meus braços não te alcançam
e meu carinho se perde na distância.