Os
olhos eu vou cantar:
os
olhos que encontrei
e
os que gosto de olhar.
Os
olhos que até não sei
por
que neles vou falar.
Olho
grande e pequeno
olho
bravo e ameno
olho
que é fã do sereno.
Olho
alegre, olho triste
olho
que faz que não existe
se
alguém olha e insiste.
Olho
que não é bom lembrar
olho
que é melhor calar.
Olho
que quer ter nobreza
quando
só tem esperteza.
Olho
que fica caído
olho
que fica perdido
até
que seja traído.
Olho
que olha e assunta
olho
que vê e pergunta
olho
que chega e se junta.
Olho
que erra e se esconde
olho
que quer ver sabe onde...
olho
que nunca responde.
Olho
que olha e inventa
olho
que parece venta
que
está cheirando pimenta.
Olho
que olha e maltrata
olho
que até pede tapa
olho
que fere e que mata.
Olho
que tem sentimento
as
vezes olha um momento
e
já nos deixa tormento.
Olho
que olha com jeito
que
ainda não tem peito
de
assumir qualquer efeito.
Olho
que olha com sono
olho
que já achou dono
mas
faz verão no outono.
Olho
que decepciona
olha,
depois abandona.
Olho
que não dá carona
olho
que espanta e atrai
olho
que vem e que vai
e
que se esconde do pai.
Olho
que dorme no ponto
olho
que acorda tonto
e
se sai, cai no conto.
Olho
que olha de lado
que
pisca acelerado
olho
que é meio levado.
Olho
que isca
olho
que vê e belisca.
Olho
que crê e se arrisca.
Olho
estranho de cobiça
olho
bambo de preguiça
olho
que o outro iça.
Olho
morno de conquista
olho
vamp de revista
olho
que conhece a pista.
Olho
doido de artista.
Tanto
olho tenho em vista
que
não vejo fim pra lista.