sábado, 9 de novembro de 2013

Olhos nos Olhos

Os olhos eu vou cantar:
os olhos que encontrei
e os que gosto de olhar.
Os olhos que até não sei
por que neles vou falar.

Olho grande e pequeno
olho bravo e ameno
olho que é fã do sereno.
Olho alegre, olho triste
olho que faz que não existe
se alguém olha e insiste.

Olho que não é bom lembrar
olho que é melhor calar.
Olho que quer ter nobreza
quando só tem esperteza.
Olho que fica caído
olho que fica perdido
até que seja traído.

Olho que olha e assunta
olho que vê e pergunta
olho que chega e se junta.
Olho que erra e se esconde
olho que quer ver sabe onde...
olho que nunca responde.
Olho que olha e inventa
olho que parece venta
que está cheirando pimenta.

Olho que olha e maltrata
olho que até pede tapa
olho que fere e que mata.
Olho que tem sentimento
as vezes olha um momento
e já nos deixa tormento.

Olho que olha com jeito
que ainda não tem peito
de assumir qualquer efeito.
Olho que olha com sono
olho que já achou dono
mas faz verão no outono.
Olho que decepciona
olha, depois abandona.

Olho que não dá carona
olho que espanta e atrai
olho que vem e que vai
e que se esconde do pai.
Olho que dorme no ponto
olho que acorda tonto
e se sai, cai no conto.

Olho que olha de lado
que pisca acelerado
olho que é meio levado.
Olho que isca
olho que vê e belisca.
Olho que crê e se arrisca.

Olho estranho de cobiça
olho bambo de preguiça
olho que o outro iça.
Olho morno de conquista
olho vamp de revista
olho que conhece a pista.

Olho doido de artista.
Tanto olho tenho em vista
que não vejo fim pra lista.

... Não fosse eu filha de oculista.