quinta-feira, 11 de outubro de 2007

VIDA RENOVADA


Há foguetes, há satélites
e corpos ágeis de aço
percorrendo nosso espaço.

Este universo que
nos prende e aperta
e
ao mesmo tempo
nos liberta.

Temos rondado
toda a estratosfera
em busca do "Eu"
e na espera
da paz
que o mundo recolheu.

Em cada estrada
matamo-nos um pouco
para renascermos
mais além
como se as mortes
fossem
a porta procurada
da vida renovada.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Segunda Leitura


Poesia de Lygia Laborne
(escrita em 1943)

Segunda Leitura

"Que serei eu, Senhor,
se for capaz de citar a palavra do sábio,
mas não me enternecer com o sorriso da criança?
Se puder discutir a Tua essência,
mas não comover com a lágrima do homem?

Que serei eu, Senhor,
se souber o número exato das Tuas estrelas,
as distâncias infinitas do Teu firmamento
a composição íntima dos Teus astros,
mas não me extasiar com a maravilha do Teu céu?

Que serei eu, Senhor,
se puder analisar o tecido dos Teus frutos,
o amálgama dos Teus metais,
as víceras dos Teus seres,
mas não parar um pouco e olhar
quando desabrocha uma flor?

Que serei eu, Senhor,
se conhecer as leis do Teu universo, as leis de Cristo e as leis do homem,
mas não conhecer a lei do Amor, Tua lei!

Que serei eu, Senhor?
- Nada, absolutamente nada!"

Uma prece


Nasce as vezes um desejo abstrato
de tocar de leve a fímbria do infinito
de, por um instante apenas
percorrer os labirintos da existência.

Nasce por vezes, uma prece, um anseio
de percorrer os sonhos do universo
como se em fuga a alma elouquecida
se insinuasse além das grades de meu ser.

Surge, por vezes uma esperança, um apelo
sincero e profundo, para elevar a Deus a alma
e merecer-lhe a grande benção
que responde aos inquietos
a serenidade eterna que jorra de seu lírios.